AGENDA:
Conteúdo: Uso dos tempos verbais nos
tipos textuais.(página 72 e 73 do livro didático).
Atividade: questões 1 e 2 (páginas 72 e
73 do livro didático).
PRODUÇÃO TEXTUAL
Gêneros Memórias Literárias – Oficina 6: Início, meio e fim
Observação:Envie as suas respostas para o e-mail do(a) seu(sua)
professor(a):
7° ano A - Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br
7° ano B e C - Leudilanio Alves: antonio.leudiano@educacao.fortaleza.ce.gov.br
PRODUÇÃO TEXTUAL
Gêneros Memórias Literárias – Oficina 6: Início, meio e fim
Atividade 1
Leia o texto abaixo e
responda as questões a seguir:
Doces memórias-
Adrielle Vieira de Oliveira
Parte 1
Percorro em sonhos a cidadezinha de
minha infância. Um largo e caudaloso rio serpenteando a várzea fértil. A ponte
de ferro da charqueada já se encontrava lá toda imponente. A luz elétrica ali
produzida iluminava o centro da cidade. Poucos casarões de pau a pique ao longo
da pacata rua Belo Horizonte, hoje a movimentada avenida Abílio Machado.
Impossível esquecer-me da igrejinha do Rosário com sua torre norte sineira. Às
quinze horas, começava um movimento pelas vielas. Lá se iam as senhoras
atraídas pelo tocar do sino. Hora do terço, muito me admirava a fé daquelas
pessoas! Mamãe, com apenas um olhar, recomendava-me silêncio e puxava a turma
de carolas com cantos e orações. Rezávamos até para chover se a seca ameaçasse
a plantação. Mas o que mais me encantava nesta igreja eram as missas das manhãs
de domingo. Depois de uma longa homilia, saíamos a apreciar os poucos carros
tipo "Ford Bigode" que circulavam em torno da praça. Ora,
assentávamos nos banquinhos para uma boa prosa. Havia umas prosas de
"arrancar picapau do oco". Enquanto isso, exalava dos casarões um
cheirinho de macarronada com galinha caipira que dava água na boca. Só mesmo
atraídos por estes aromas e pelo apito do trem das onze, assinalando o horário
do almoço, é que deixávamos a pracinha do chafariz.
Parte 2
Quando o inverno chegava, minhas
tristezas e alegrias contrastavam. Cortava-me o coração ver meu pai e mais seis
irmãos saírem debaixo de um frio congelante para irem trabalhar arduamente na
lavoura. Eu ficava em casa ajudando mamãe com os afazeres domésticos. Carregar
pote de água na cabeça não era nada divertido. Pelo caminho, sonhava mesmo era
carregar minha cartilha e ir para o Grupo Escolar. Como foi dolorido sair no
segundo ano! Mas já sabia ler e isto bastava para as famílias pobres. Para
esvair minha dor, só mesmo o canto e os mexericos das lavadeiras na mina.
Sábias, ludibriavam bem quando eu estava por perto. Jamais envolviam crianças
em assuntos de adultos.
Parte 3
Já as alegrias, vinham com as festas de
São João. Fogueira gigante, noite estrelada e não poderia faltar aquelas broas
de fubá com canela, de sabor jamais degustado igual, como aquelas que só vovó
Conceição sabia fazer. Dezembro era pura magia! As chuvas e nossas brincadeiras
no lamaçal. Quanta farra e criatividade! Os meninos abandonavam os carrinhos de
lobeira - pequeno arbusto - e eu as minhas bonecas de retalhos. Como a rua era
bem mais atrativa! Tudo ali se tornava fantástico. Construíamos castelos de
barro e imaginávamos uma fábrica de chocolates. Ah chocolate! Só na imaginação
mesmo, pois no empório da dona Gilda, onde se vendia do urinol ao chocolate,
tudo era caríssimo. Comerciante boa era ela! Cartão de crédito era a palavra do
freguês.
Parte 4
Inesquecíveis foram os saraus de fim de
ano do Sr. Abner, ali a cultura, a arte e romance se misturavam. Quantos poemas
ouvi, quanto me emocionei! Muitos casamentos saíram dali. Hoje, recordo-me de
tudo com lágrimas quentes descendo dos meus olhos e salgando a boca. Porém o
que permanece em minha memória adocica essa solitária velhice.
1. Quais
são os principais fatos lembrados pela entrevistada de Adrielle?
2. Quais
são os trechos em que a narradora se coloca criticamente em relação ao passado:
O que ela fala da vida na lavoura? Como se sente em relação à vida religiosa da
época? Quais eram as carências daquele período e do que ela gostava? Como isso
aparece materialmente no texto?
3. Observe
as expressões hoje pouco usuais que aparecem no texto - como “de arracarpicapau
do oco” - e também a metáforas como “cartão de crédito era a palavra do
freguês”.
O
tempo e no espaço
Atividade
2 - Planejamento de um texto de
memórias literárias.
Para auxiliá-la(lo) nessa tarefa, separamos trechos
iniciais e finais dos livros: Um brasileiro em Berlim, de João
Ubaldo Ribeiro e O menino no espelho, de Fernando Sabino.
Em geral, o início de um livro, ou mesmo de um
capítulo de memórias literárias, é dedicado a situar o leitor no tempo e,
principalmente, no espaço em que se passam as lembranças do narrador.
Quando chovia, no meu tempo de menino, a
casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do teto ensopando o soalho de
todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo
levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse para
aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa
inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo
era uma distração das mais excitantes.
Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992.
Aracaju, a cidade onde nós morávamos no
fim da década de 40, começo da de 50, era a orgulhosa capital de Sergipe, o
menor estado brasileiro (mais ou menos do tamanho da Suíça). Essa distinção,
contudo, não lhe tirava o caráter de cidade pequena, provinciana e calma, à
boca de um rio e a pouca distância de praias muito bonitas.
João Ubaldo Ribeiro. “Memória de livros”, in: Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 105.
Após a leitura dos trechos de
contextualização das memórias, observamos que cada autor escolhe, de suas
lembranças, fatos que foram marcantes. Ao longo do texto (ou capítulo), ele
relata o acontecido e revela (ou sugere) para o leitor ou a leitora os motivos
que tornam significativos os fatos contados. Fernando Sabino conta vários episódios
de sua vida de menino: a galinha de estimação que ele tentava proteger da
cozinheira; o passeio ao campo de aviação; a casa abandonada; o amigo valentão;
o primeiro amor… João Ubaldo fala sobre o período em que viveu em Aracaju: como
aprendeu a ler, o cheiro dos livros, o empenho de seu pai para que começasse
logo a ler, o contato com a professora Gilete, as leituras oferecidas pela avó
durante as férias escolares.
É importante destacar que um texto de memórias
literárias pode ser concluído com alguns questionamentos do narrador-personagem
sobre seu passado, como em Memória de livros:
Fico pensando nisso e me pergunto: não estou
imaginando coisas, tudo isso poderia ter realmente acontecido? Terei tido uma
infância normal? Acho que sim, também joguei bola, tomei banho nu no rio, subi
em árvores e acreditei em Papai Noel. Os livros eram uma brincadeira como outra
qualquer, embora certamente a melhor de todas. Quando tenho saudades da
infância, as saudades são daquele universo que nunca volta, dos meus olhos de
criança vendo tanto que entonteciam, dos cheiros dos livros velhos, da
navegação infinita pela palavra, de meu pai, de meus avós, do velho casarão
mágico de Aracaju.
João Ubaldo Ribeiro. “Memória de livros”, in: Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 112.
Ou ainda com o deslocamento desse
autor-narrador-personagem para o presente, como faz Fernando Sabino em O
menino no espelho. Após mergulhar nas lembranças de sua infância, o autor
conclui assim sua obra:
Depois me despeço e refaço todo o
caminho de volta até meu quarto. Vou à janela, olho para fora. O que vejo agora
é a paisagem de sempre, o fundo dos edifícios voltados para mim, iluminados
pelas luzes do entardecer em Ipanema. Ouço o relógio soando a última pancada
das cinco horas. Viro-me e me vejo de novo no meu apartamento.
Caminho até a mesa, debruço-me sobre a
máquina que abandonei há instantes. Leio as últimas palavras escritas no papel:
… até desaparecer em direção ao infinito.
Sento-me e escrevo a única que falta: FIM.
Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992.
O narrador
O narrador em primeira pessoa é o
narrador-personagem ou narrador-testemunha. No caso de memórias literárias
teremos, geralmente, o narrador-personagem, que tem por característica se
apresentar e se manifestar como eu e fala a respeito daquilo que viveu. O
narrador em primeira pessoa conta a história dele sempre de forma parcial,
considerando um único ponto de vista: o dele.
Atividade
3
1. Identifiquem marcas da
presença do narrador em primeira pessoa nos textos lidos na 2ª etapa.
Observação:
O texto em primeira pessoa revela que o narrador é também personagem da
história que conta. Lembre-lhes que, muitas vezes, nesses textos, serão
encontradas também ocorrências do uso da primeira pessoa do plural, o que
normalmente indicará uma ação ou um sentimento compartilhado pelo narrador com
outras personagens da história. Essa presença explícita do narrador é uma marca
linguística dos textos que se organizam com base em relatos de experiência
vivida, como os diários, as memórias (literárias ou não), entre outros gêneros.
Para saber mais
2. Transcrevam o trecho
abaixo, modificando o foco narrativo de terceira para primeira pessoa.
A principal diversão deles era jogar
futebol. Usavam “bolas de meias”, que eles mesmos faziam com papel jornal
compactado e colocado dentro de uma meia de mulher. As tardes se prolongavam
até a noitinha, eles paravam de jogar apenas quando não havia mais sol e quando
não podiam ignorar os gritos que chegavam de suas casas, para tomar banho e ir
jantar.
Texto adaptado do livro Antes que o tempo apague,
de Rostand Paraíso. 2ª ed. Recife: Comunicarte, 1996.
Observação:Envie as suas respostas para o e-mail do(a) seu(sua)
professor(a):
7° ano A - Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br
7° ano B e C - Leudilanio Alves: antonio.leudiano@educacao.fortaleza.ce.gov.br
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