Postagem Em Destaque

9°Ano: Laboratórios 17/09

domingo, 25 de abril de 2021

7ºANO: PORTUGUÊS 26/04/21

 


AGENDA:

 

Conteúdo: Uso dos tempos verbais nos tipos textuais.(página 72 e 73 do livro didático).

Atividade: questões 1 e 2 (páginas 72 e 73 do livro didático).

 

PRODUÇÃO TEXTUAL

Gêneros Memórias Literárias – Oficina 6: Início, meio e fim


Observação:Envie as suas respostas para o e-mail do(a) seu(sua) professor(a):

  7° ano A - Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br

  7° ano B e C - Leudilanio Alves: antonio.leudiano@educacao.fortaleza.ce.gov.br        


PRODUÇÃO TEXTUAL

Gêneros Memórias Literárias – Oficina 6: Início, meio e fim

 

Atividade 1

Leia o texto abaixo e responda as questões a seguir:

 

Doces memórias- Adrielle Vieira de Oliveira

 

Parte 1

Percorro em sonhos a cidadezinha de minha infância. Um largo e caudaloso rio serpenteando a várzea fértil. A ponte de ferro da charqueada já se encontrava lá toda imponente. A luz elétrica ali produzida iluminava o centro da cidade. Poucos casarões de pau a pique ao longo da pacata rua Belo Horizonte, hoje a movimentada avenida Abílio Machado. Impossível esquecer-me da igrejinha do Rosário com sua torre norte sineira. Às quinze horas, começava um movimento pelas vielas. Lá se iam as senhoras atraídas pelo tocar do sino. Hora do terço, muito me admirava a fé daquelas pessoas! Mamãe, com apenas um olhar, recomendava-me silêncio e puxava a turma de carolas com cantos e orações. Rezávamos até para chover se a seca ameaçasse a plantação. Mas o que mais me encantava nesta igreja eram as missas das manhãs de domingo. Depois de uma longa homilia, saíamos a apreciar os poucos carros tipo "Ford Bigode" que circulavam em torno da praça. Ora, assentávamos nos banquinhos para uma boa prosa. Havia umas prosas de "arrancar picapau do oco". Enquanto isso, exalava dos casarões um cheirinho de macarronada com galinha caipira que dava água na boca. Só mesmo atraídos por estes aromas e pelo apito do trem das onze, assinalando o horário do almoço, é que deixávamos a pracinha do chafariz.


Parte 2

Quando o inverno chegava, minhas tristezas e alegrias contrastavam. Cortava-me o coração ver meu pai e mais seis irmãos saírem debaixo de um frio congelante para irem trabalhar arduamente na lavoura. Eu ficava em casa ajudando mamãe com os afazeres domésticos. Carregar pote de água na cabeça não era nada divertido. Pelo caminho, sonhava mesmo era carregar minha cartilha e ir para o Grupo Escolar. Como foi dolorido sair no segundo ano! Mas já sabia ler e isto bastava para as famílias pobres. Para esvair minha dor, só mesmo o canto e os mexericos das lavadeiras na mina. Sábias, ludibriavam bem quando eu estava por perto. Jamais envolviam crianças em assuntos de adultos.


Parte 3

Já as alegrias, vinham com as festas de São João. Fogueira gigante, noite estrelada e não poderia faltar aquelas broas de fubá com canela, de sabor jamais degustado igual, como aquelas que só vovó Conceição sabia fazer. Dezembro era pura magia! As chuvas e nossas brincadeiras no lamaçal. Quanta farra e criatividade! Os meninos abandonavam os carrinhos de lobeira - pequeno arbusto - e eu as minhas bonecas de retalhos. Como a rua era bem mais atrativa! Tudo ali se tornava fantástico. Construíamos castelos de barro e imaginávamos uma fábrica de chocolates. Ah chocolate! Só na imaginação mesmo, pois no empório da dona Gilda, onde se vendia do urinol ao chocolate, tudo era caríssimo. Comerciante boa era ela! Cartão de crédito era a palavra do freguês.


Parte 4

Inesquecíveis foram os saraus de fim de ano do Sr. Abner, ali a cultura, a arte e romance se misturavam. Quantos poemas ouvi, quanto me emocionei! Muitos casamentos saíram dali. Hoje, recordo-me de tudo com lágrimas quentes descendo dos meus olhos e salgando a boca. Porém o que permanece em minha memória adocica essa solitária velhice.

 

1.       Quais são os principais fatos lembrados pela entrevistada de Adrielle?

2.       Quais são os trechos em que a narradora se coloca criticamente em relação ao passado: O que ela fala da vida na lavoura? Como se sente em relação à vida religiosa da época? Quais eram as carências daquele período e do que ela gostava? Como isso aparece materialmente no texto?

3.       Observe as expressões hoje pouco usuais que aparecem no texto - como “de arracarpicapau do oco” - e também a metáforas como “cartão de crédito era a palavra do freguês”.

O tempo e no espaço

Atividade 2 - Planejamento de um texto de memórias literárias.

Para auxiliá-la(lo) nessa tarefa, separamos trechos iniciais e finais dos livros: Um brasileiro em Berlim, de João Ubaldo Ribeiro e O menino no espelho, de Fernando Sabino.

Em geral, o início de um livro, ou mesmo de um capítulo de memórias literárias, é dedicado a situar o leitor no tempo e, principalmente, no espaço em que se passam as lembranças do narrador.

 

Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo era uma distração das mais excitantes.

Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992.


Aracaju, a cidade onde nós morávamos no fim da década de 40, começo da de 50, era a orgulhosa capital de Sergipe, o menor estado brasileiro (mais ou menos do tamanho da Suíça). Essa distinção, contudo, não lhe tirava o caráter de cidade pequena, provinciana e calma, à boca de um rio e a pouca distância de praias muito bonitas.

João Ubaldo Ribeiro. “Memória de livros”, in: Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 105.

 

Após a leitura dos trechos de contextualização das memórias, observamos que cada autor escolhe, de suas lembranças, fatos que foram marcantes. Ao longo do texto (ou capítulo), ele relata o acontecido e revela (ou sugere) para o leitor ou a leitora os motivos que tornam significativos os fatos contados. Fernando Sabino conta vários episódios de sua vida de menino: a galinha de estimação que ele tentava proteger da cozinheira; o passeio ao campo de aviação; a casa abandonada; o amigo valentão; o primeiro amor… João Ubaldo fala sobre o período em que viveu em Aracaju: como aprendeu a ler, o cheiro dos livros, o empenho de seu pai para que começasse logo a ler, o contato com a professora Gilete, as leituras oferecidas pela avó durante as férias escolares.

É importante destacar que um texto de memórias literárias pode ser concluído com alguns questionamentos do narrador-personagem sobre seu passado, como em Memória de livros:

 

Fico pensando nisso e me pergunto: não estou imaginando coisas, tudo isso poderia ter realmente acontecido? Terei tido uma infância normal? Acho que sim, também joguei bola, tomei banho nu no rio, subi em árvores e acreditei em Papai Noel. Os livros eram uma brincadeira como outra qualquer, embora certamente a melhor de todas. Quando tenho saudades da infância, as saudades são daquele universo que nunca volta, dos meus olhos de criança vendo tanto que entonteciam, dos cheiros dos livros velhos, da navegação infinita pela palavra, de meu pai, de meus avós, do velho casarão mágico de Aracaju.

João Ubaldo Ribeiro. “Memória de livros”, in: Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011, p. 112.

 

Ou ainda com o deslocamento desse autor-narrador-personagem para o presente, como faz Fernando Sabino em O menino no espelho. Após mergulhar nas lembranças de sua infância, o autor conclui assim sua obra:

Depois me despeço e refaço todo o caminho de volta até meu quarto. Vou à janela, olho para fora. O que vejo agora é a paisagem de sempre, o fundo dos edifícios voltados para mim, iluminados pelas luzes do entardecer em Ipanema. Ouço o relógio soando a última pancada das cinco horas. Viro-me e me vejo de novo no meu apartamento.

Caminho até a mesa, debruço-me sobre a máquina que abandonei há instantes. Leio as últimas palavras escritas no papel:

… até desaparecer em direção ao infinito.

Sento-me e escrevo a única que falta: FIM.

Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992.

 

O narrador

O narrador em primeira pessoa é o narrador-personagem ou narrador-testemunha. No caso de memórias literárias teremos, geralmente, o narrador-personagem, que tem por característica se apresentar e se manifestar como eu e fala a respeito daquilo que viveu. O narrador em primeira pessoa conta a história dele sempre de forma parcial, considerando um único ponto de vista: o dele.

 

Atividade 3

 

1. Identifiquem marcas da presença do narrador em primeira pessoa nos textos lidos na 2ª etapa.

 

Observação: O texto em primeira pessoa revela que o narrador é também personagem da história que conta. Lembre-lhes que, muitas vezes, nesses textos, serão encontradas também ocorrências do uso da primeira pessoa do plural, o que normalmente indicará uma ação ou um sentimento compartilhado pelo narrador com outras personagens da história. Essa presença explícita do narrador é uma marca linguística dos textos que se organizam com base em relatos de experiência vivida, como os diários, as memórias (literárias ou não), entre outros gêneros.

 

Para saber mais

 

2. Transcrevam o trecho abaixo, modificando o foco narrativo de terceira para primeira pessoa.

 

A principal diversão deles era jogar futebol. Usavam “bolas de meias”, que eles mesmos faziam com papel jornal compactado e colocado dentro de uma meia de mulher. As tardes se prolongavam até a noitinha, eles paravam de jogar apenas quando não havia mais sol e quando não podiam ignorar os gritos que chegavam de suas casas, para tomar banho e ir jantar.

Texto adaptado do livro Antes que o tempo apague, de Rostand Paraíso. 2ª ed. Recife: Comunicarte, 1996.

 

Observação:Envie as suas respostas para o e-mail do(a) seu(sua) professor(a):

  7° ano A - Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br

  7° ano B e C - Leudilanio Alves: antonio.leudiano@educacao.fortaleza.ce.gov.br        




Nenhum comentário:

Postar um comentário