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Origem do futebol
Não se sabe com
precisão a data em que o futebol surgiu. Historiadores contam que os ingleses
adquiriram o hábito de chutar uma bola de couro, símbolo da cabeça de um membro do
exército da Dinamarca, como forma de comemorar a expulsão dos
dinamarqueses de seu país ainda no século X. A ação era realizada anualmente, mas,
com o tempo, a prática passou a popularizar-se, e os jogos com a bola passaram
a ser realizados com maior frequência.
Os jogos não
tinham regras estabelecidas, e era permitido diversos tipos de agressões para
avançar ou conter o adversário, o que acabava ferindo muitos dos praticantes.
Com as consequências, o Rei Eduardo II decidiu proibir os
jogos, temendo a perda dos soldados do seu exército. A prática foi proibida,
mas não cessada e, apenas em 1681, os jogos com a bola voltaram a ser
permitidos na Inglaterra.
Futebol no Brasil
Charles Miller trouxe o
futebol para o Brasil O futebol chegou ao Brasil
em 1894. Charles Miller, um
jovem filho de ingleses que
chegou a São Paulo após realizar seus estudos na Europa, trouxe consigo bolas e
regras para a prática do futebol no país. A prática do futebol, no Brasil, foi
realizada pela primeira vez pelo São Paulo Athletic Club, formado por colonos
ingleses, mas o primeiro clube formado,
especialmente para a prática do futebol, foi a Associação Atlética Mackenzie
College, em 1898.
O crescimento do
futebol no Brasil acabou fazendo com que o esporte mais praticado na época, o
remo, viesse a ficar em segundo plano, chegando a ser quase esquecido pelos
brasileiros posteriormente. Com isso, algumas equipes de remo tornaram-se
clubes de futebol, como o Flamengo, Vasco da Gama e Botafogo, no
Rio de Janeiro.
A primeira equipe
de futebol carioca foi o Fluminense Football Clube, fundado
no ano de 1902. Também foi a primeira equipe a cobrar ingressos para uma partida de futebol no Brasil,
realizada contra o Paulistano, quando, aproximadamente, 2500 pessoas acompanharam
o duelo. Esse jogo também foi marcado como o primeiro que teve o comparecimento de um chefe de Estado, o então Presidente da
República Rodrigues Alves.
Racismo e preconceito
O futebol enfrentou problemas ligados às classes sociais desde
o seu surgimento na Inglaterra, ocorrendo o mesmo em sua chegada ao Brasil. O
esporte, criado para a alta sociedade britânica, enfrentou algumas barreiras,
até que fosse apreciado por ricos e pobres, sem distinção de classes.
O futebol sofreu uma grande resistência quanto à profissionalização. A elite contestava
que o futebol não poderia ser praticado como uma profissão pelos integrantes da
camada mais pobre da sociedade, pois, como consequência do desemprego, esses teriam mais tempo para os treinos nos confrontos com
as equipes formadas por burgueses.
No Brasil, inicialmente, as equipes de futebol eram
formadas por estudantes brancos e
ricos. Com o tempo, algumas equipes foram abrindo as portas para acolher
jogadores que não pertenciam à classe alta, incluindo negros. Entre os clubes,
o Vasco foi um dos que mais contribuiu para a profissionalização do futebol no
Brasil. A equipe incluiu mulatos e negros e conquistou títulos, o que colaborou
para a quebra do monopólio do
jogador branco no futebol.
Como forma de resistência à profissionalização, em
1924 foi criada a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (Amea), uma
liga que reunia os grandes clubes de futebol, sem o Vasco, para exigir dos
jogadores a comprovação de vínculo empregatício ou estudantil. Assim, poderiam
enfraquecer o Vasco, que contava com bons jogadores desempregados. Na
sequência, passou a ser exigida a assinatura dos atletas em súmula, o que excluía
os que não fossem alfabetizados.
Com a intenção de fugir do preconceito, alguns atletas
tentaram estratégias para ficarem brancos. Um exemplo foi Carlos Alberto,
jogador do Fluminense, em 1914, que se maquiava com pó-de-arroz antes das
partidas. Porém, com o suor das jogadas, o disfarce desaparecia, e a torcida,
ainda desacostumada com a presença de negros dentro do campo, xingava o jogador.
O aparecimento de Pelé, após a Copa do Mundo de 1958,
também contribuiu para uma amenização nos problemas em relação ao racismo. O
destaque desse jogador produziu, no país, o sentido de que os jogadores de
futebol deveriam vir da camada pobre da sociedade e alcançar o ápice da
carreira, após muito sofrimento e batalhas.
Com o passar dos anos, outros grandes nomes surgiram
no cenário nacional do futebol, trazendo as características que eram
semelhantes às do “Rei do Futebol” — caso dos jogadores Romário; Ronaldo Luís
Nazário de Lima, chamado popularmente de Fenômeno; e também de Ronaldo Assis
Moreira, conhecido como Ronaldinho
Gaúcho. Entre tantos outros, eles puderam, por intermédio do futebol,
sair de uma classe social baixa para alcançar um alto nível de consagração,
representando grandes equipes nacionais e internacionais, além da Seleção
Brasileira, e alcançando os principais prêmios do futebol.
Saiba mais.
Você sabe quem foi
que criou o futebol, quando e onde surgiu o esporte mais popular do planeta?
Assista ao vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=PEcQxREeSaU
Descrição
do vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=mLtRmNtde8Y
Brasil Football Club
conta a história da chegada do futebol ao Brasil e de como a relação dos
brasileiros com a bola foi sendo construída. Do elegante e restrito futebol do
século XIX, que proibia vaias e exigia jogadores de gravata, até o
futebol-paixão-nacional, um dos símbolos mais fortes da nossa identidade
cultural. Uma história feita da contribuição de imigrantes estrangeiros e
trabalhadores brasileiros; marcada pelo racismo e subvertida pelo talento.
Exercício
1. (ENEM 2018) A história do futebol é
uma triste viagem do prazer ao dever. [...] O jogo se transformou em
espetáculo, com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar,
e o espetáculo se transformou num dos negócios mais lucrativos do mundo, que
não é organizado para ser jogado, mas para impedir que se jogue. A tecnocracia
do esporte profissional foi impondo um futebol de pura velocidade e muita
força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia. Por sorte
ainda aparece nos campos, [...] algum atrevido que sai do roteiro e comete o
disparate de driblar o time adversário inteirinho, além do juiz e do público
das arquibancadas, pelo puro prazer do corpo que se lança na proibida aventura
da liberdade. GALEANO, E. Futebol ao sol e à sombra. Porto Alegre: L&PM,
1995. As transformações que marcam a trajetória histórica do futebol, especialmente
aquelas identificadas no texto, se caracterizam pelo(a):
A) redução dos níveis de competitividade, o que tornou o futebol um
esporte mais organizado e mundialmente conhecido.
B) processo de mercadorização e espetacularização que tem possibilitado o
crescimento do número dos praticantes e dos espaços usados para sua prática.
C) redução às formas mais padronizadas, seguida de uma crescente tendência
ao aparecimento de regionalismos na forma de vivenciar a prática do futebol.
D) tendência de desaparecimento de sentidos sociais e estéticos,
característicos nos jogos e nas brincadeiras populares.
E) processo de espetacularização e elevação dos indicadores estéticos do
futebol, resultado da aplicação dos avanços científicos e tecnológicos.
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