AGENDA:
Conteúdo: Interpretação Textual.(páginas 62 a 64 do livro didático).
LINK DE ACESSO À ATIVIDADE:
https://forms.gle/RK8JQixTZGu2hurr9
Atividade: questões de 1 a 6 (páginas 65 e 66 do livro didático).
PRODUÇÃO TEXTUAL
Gêneros Memórias Literárias – Oficina 8: A vida era…
Atividade
- Recorde
que, na escrita de memórias literárias, os autores se preocupam em
caracterizar lugares e pessoas considerados importantes nas experiências
vividas no passado. Eles também comparam o tempo passado com o atual,
destacando, muitas vezes, as diferenças. Esse aspecto, próprio do gênero
memórias literárias, será ressaltado nesta oficina.
- Leia
o texto abaixo sobre a escritora Zélia Gattai, autora do livro Anarquistas, graças a Deus.
Zélia Gattai, São Paulo (SP), 1916 – Salvador (BA), 2008. Casada com o escritor
baiano Jorge Amado, morou muitos anos em Salvador. Zélia foi eleita para a
Academia Brasileira de Letras em 2001.Escreveu vários livros de memórias. No
primeiro, Anarquistas, graças a
Deus, conta a história de sua
família de imigrantes italianos e relembra a infância em São Paulo.
- Pesquisee
assista ao vídeo da Fundação Casa de
Jorge Amado, no qual a
autora resgata algumas de suas memórias para falar sobre como começou a
escrever.
- Leia
o texto Os automóveis
invadem a cidade, de Gattai.
Os automóveis invadem a
cidade.
Naqueles tempos, a vida em São Paulo era tranquila. Poderia ser ainda mais, não fosse a invasão cada
vez maior dos automóveis importados, circulando pelas ruas da cidade; grossos
tubos, situados nas laterais externas dos carros, desprendiam, em violentas
explosões, gases e fumaça escura. Estridentes fonfons de buzinas, assustando os
distraídos, abriam passagem para alguns deslumbrados motoristas que, em suas desabaladas
carreiras, infringiam as regras de trânsito, muitas vezes chegando ao abuso de
alcançar mais de 20 quilômetros à hora, velocidade permitida somente nas
estradas. Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não
havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o “Prédio
Martinelli” – arranha-céu pioneiro em São Paulo, se não me engano do Brasil –
fora ainda construído. Não existia rádio, e televisão, nem em sonhos.
Não se curtia som em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se música em
gramofones de tromba e manivela. Havia tempo para tudo, ninguém se afobava,
ninguém andava depressa. Não se abreviavam com siglas os nomes
completos das pessoas e das coisas em geral. Para que isso? Por que o uso
de siglas? Podia-se dizer e ler tranquilamente tudo, por mais longo que fosse o
nome por extenso – sem criar equívocos – e ainda sobrava tempo para ênfase, se
necessário fosse.
Os divertimentos, existentes então, acessíveis a uma
família de poucos recursos como a nossa, eram poucos. Os valores
daqueles idos, comparados aos de hoje, no entanto, eram outros; as mais
mínimas coisas, os menores acontecimentos, tomavam corpo, adquiriam enorme
importância. Nossa vida simples era rica, alegre e sadia. A imaginação voando
solta, transformando tudo em festa, nenhuma barreira a impedir meus sonhos, o
riso aberto e franco. Os divertimentos, como já disse, eram poucos, porém
suficientes para encher o nosso mundo.
Zélia Gattai. Anarquistas, graças a Deus. 11ª ed. Rio
de Janeiro: Record, 1986.
- Zélia
Gattai faz muitas comparações entre os dias de hoje e o tempo em que era
menina. Procura essas comparações e, em seguida, respondaessas perguntas:
- Como
eram os carros? E o trânsito?
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- Como
eram as construções?
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- Como
era a vida das pessoas? E seus valores? Como se divertiam?
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- Zélia
descreve a cidade e explica como ela era. Ao ler esse trecho, temos a
impressão de que a autora escreve para um(a) leitor(a) que não conhece a
cidade de São Paulo, pelo menos a época em que ocorre a experiência
relatada. Por isso, ela apresenta detalhes de lugares, atitudes, costumes
e práticas das pessoas, o que possibilita ao(à) leitor(a) conhecer e se
aproximar do passado. Procure, no texto, essa relação.
- Em
seguida, leia um trecho do livro O menino no espelho,
de Fernando Sabino, e destaque, as passagens em que o autor olha para o
presente e enxerga o passado. Antes, conheça um poucosobre o autor.
Fernando Sabino, Belo Horizonte (MG), 1923 - Rio de Janeiro (RJ), 2004. Foi cronista,
romancista, editor e documentarista. Aos 13 anos, escreveu seu primeiro
trabalho literário, na revista Argus, órgão da Polícia Militar mineira. Publicou mais de
quarenta livros. Em 1982, lançou o romance O menino no espelho,
que passou a ser adotado em inúmeros colégios do país. Nesse livro, o autor
conta sobre a sua infância em Belo Horizonte, na década de 1920.
Trecho
do livro O Menino no Espelho
[…] Cansado de tantas recordações, afasto-me do
relógio e caminho até a janela, olho para fora.
Assombrado,
em vez de ver os costumeiros edifícios, cujos fundos dão para o meu apartamento
em Ipanema, o que vejo é uma mangueira – a mangueira do quintal de minha casa,
em Belo Horizonte. Vejo até uma manga amarelinha de tão madura, como aquela que
eu quis dar para a Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha. Daqui
da minha janela posso avistar o quintal, como antigamente: a caixa de areia que
um dia transformei numa piscina, o bambuzal de onde parti para o meu primeiro
voo. Volto-me para dentro e descubro que já não estou na sala cheia de estantes
com livros do meu apartamento, mas no meu quarto de menino: a minha cama e a do
Toninho, o armário de cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim
[…].
Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992.
Ontem e hoje
Atividade
- Pesquisem
fotos antigas dos mesmos lugares que descreveram na oficina anterior.
- Comparem
a descrição com as fotos pesquisadas. Então, escrevam um novo texto,
contando como era o lugar e utilizando os vários recursos comparativos
apresentados na primeira etapa.
- Aqui,
é importante chamar atenção para um fenômeno comum nos textos de memórias
literárias: a romantização do passado. Leia alguns trechos dos textos
abaixo:
Poucos casarões de pau a pique ao longo da pacata rua
Belo Horizonte, hoje a movimentada avenida Abílio Machado. Impossível
esquecer-me da igrejinha do Rosário com sua torre norte sineira. Às quinze
horas, um movimento pelas vielas. Lá se iam as senhoras atraídas pelo tocar do sino.
Hora do terço, muito me admirava a fé daquelas pessoas! Mamãe com apenas um
olhar recomendava-me silêncio e puxava a turma de carolas com cantos e orações.
Adrielle Vieira de Oliveira. Doces memórias. Cenpec,
2019.
Lá não existia eletricidade, como temos nos dias
atuais, por isso depois de uma jantarada simples, mas muito caprichada, íamos
para beira do rio acompanhados pela luz da lua e com lamparinas que usávamos
quando a "mãe da noite" resolvia se esconder. (...) Durante as horas
de conversa, em que o rio sentava para ouvir também, tínhamos sobre nossas
cabeças um campo negro com milhões de pontinhos brilhantes que iluminavam até a
nossa alma. Era impressionante como as horas voavam, mais que passarinho quando
soltavam-se da gaiola.
David Lima dos Santos. Nos braços do Ipixuna. Cenpec,
2019.
Na época não havia energia elétrica, a estrada era de
chão batido de carro de bois. O lugar era repleto de árvores nativas do
cerrado, belos exemplares de pequizeiros, gabirobeiras... Mas a que predominava
e roubava a cena era a atrevida caraíba, com suas flores incandescentes. Exceto
por isso, não achei o local bonito, mas o povo era! "Afinal, é o povo quem
faz a cidade, não é?"
Amanda Xavier. Filho da ferrovia. Cenpec, 2019.
Observação 1: Os textos que constroem imagens que apresentam o
local ou as pessoas sem o tom nostálgico que muitas vezes aparece em textos do
gênero. Os recursos linguísticos empregados pelos autores e autoras contribuem
para a construção das memórias sem que seja necessário apelar à nostalgia.
Observação
2: Envie as suas respostas para o e-mail da sua
professora:
Débora
Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br
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