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9°Ano: Laboratórios 17/09

domingo, 9 de maio de 2021

6ºANO: PORTUGUÊS 10/05/21

 AGENDA:

Conteúdo: Interpretação Textual.(páginas  62 a 64 do livro didático).

LINK DE ACESSO À ATIVIDADE:

https://forms.gle/RK8JQixTZGu2hurr9

Atividade: questões de 1 a 6 (páginas 65 e 66 do livro didático).

 

PRODUÇÃO TEXTUAL

Gêneros Memórias Literárias – Oficina 8: A vida era…

 

Atividade

 

  1. Recorde que, na escrita de memórias literárias, os autores se preocupam em caracterizar lugares e pessoas considerados importantes nas experiências vividas no passado. Eles também comparam o tempo passado com o atual, destacando, muitas vezes, as diferenças. Esse aspecto, próprio do gênero memórias literárias, será ressaltado nesta oficina.

 

  1. Leia o texto abaixo sobre a escritora Zélia Gattai, autora do livro Anarquistas, graças a Deus.

Zélia Gattai, São Paulo (SP), 1916 – Salvador (BA), 2008. Casada com o escritor baiano Jorge Amado, morou muitos anos em Salvador. Zélia foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 2001.Escreveu vários livros de memórias. No primeiro, Anarquistas, graças a Deus, conta a história de sua família de imigrantes italianos e relembra a infância em São Paulo.

 

  1. Pesquisee assista ao vídeo da Fundação Casa de Jorge Amado, no qual a autora resgata algumas de suas memórias para falar sobre como começou a escrever.

 

  1. Leia o texto Os automóveis invadem a cidade, de Gattai.

 

Os automóveis invadem a cidade.

Naqueles tempos, a vida em São Paulo era tranquila. Poderia ser ainda mais, não fosse a invasão cada vez maior dos automóveis importados, circulando pelas ruas da cidade; grossos tubos, situados nas laterais externas dos carros, desprendiam, em violentas explosões, gases e fumaça escura. Estridentes fonfons de buzinas, assustando os distraídos, abriam passagem para alguns deslumbrados motoristas que, em suas desabaladas carreiras, infringiam as regras de trânsito, muitas vezes chegando ao abuso de alcançar mais de 20 quilômetros à hora, velocidade permitida somente nas estradas. Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o “Prédio Martinelli” – arranha-céu pioneiro em São Paulo, se não me engano do Brasil – fora ainda construído. Não existia rádio, e televisão, nem em sonhos. Não se curtia som em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se música em gramofones de tromba e manivela. Havia tempo para tudo, ninguém se afobava, ninguém andava depressa. Não se abreviavam com siglas os nomes completos das pessoas e das coisas em geral. Para que isso? Por que o uso de siglas? Podia-se dizer e ler tranquilamente tudo, por mais longo que fosse o nome por extenso – sem criar equívocos – e ainda sobrava tempo para ênfase, se necessário fosse.

Os divertimentos, existentes então, acessíveis a uma família de poucos recursos como a nossa, eram poucos. Os valores daqueles idos, comparados aos de hoje, no entanto, eram outros; as mais mínimas coisas, os menores acontecimentos, tomavam corpo, adquiriam enorme importância. Nossa vida simples era rica, alegre e sadia. A imaginação voando solta, transformando tudo em festa, nenhuma barreira a impedir meus sonhos, o riso aberto e franco. Os divertimentos, como já disse, eram poucos, porém suficientes para encher o nosso mundo.

Zélia Gattai. Anarquistas, graças a Deus. 11ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1986.

 

  1. Zélia Gattai faz muitas comparações entre os dias de hoje e o tempo em que era menina. Procura essas comparações e, em seguida, respondaessas perguntas:
    • Como eram os carros? E o trânsito?

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    • Como eram as construções?

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    • Como era a vida das pessoas? E seus valores? Como se divertiam?

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  1. Zélia descreve a cidade e explica como ela era. Ao ler esse trecho, temos a impressão de que a autora escreve para um(a) leitor(a) que não conhece a cidade de São Paulo, pelo menos a época em que ocorre a experiência relatada. Por isso, ela apresenta detalhes de lugares, atitudes, costumes e práticas das pessoas, o que possibilita ao(à) leitor(a) conhecer e se aproximar do passado. Procure, no texto, essa relação.

 

  1. Em seguida, leia um trecho do livro O menino no espelho, de Fernando Sabino, e destaque, as passagens em que o autor olha para o presente e enxerga o passado. Antes, conheça um poucosobre o autor.

Fernando Sabino, Belo Horizonte (MG), 1923 - Rio de Janeiro (RJ), 2004. Foi cronista, romancista, editor e documentarista. Aos 13 anos, escreveu seu primeiro trabalho literário, na revista Argus, órgão da Polícia Militar mineira. Publicou mais de quarenta livros. Em 1982, lançou o romance O menino no espelho, que passou a ser adotado em inúmeros colégios do país. Nesse livro, o autor conta sobre a sua infância em Belo Horizonte, na década de 1920.

 

Trecho do livro O Menino no Espelho

[…] Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.

Assombrado, em vez de ver os costumeiros edifícios, cujos fundos dão para o meu apartamento em Ipanema, o que vejo é uma mangueira – a mangueira do quintal de minha casa, em Belo Horizonte. Vejo até uma manga amarelinha de tão madura, como aquela que eu quis dar para a Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha. Daqui da minha janela posso avistar o quintal, como antigamente: a caixa de areia que um dia transformei numa piscina, o bambuzal de onde parti para o meu primeiro voo. Volto-me para dentro e descubro que já não estou na sala cheia de estantes com livros do meu apartamento, mas no meu quarto de menino: a minha cama e a do Toninho, o armário de cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim […].

Fernando Sabino. O menino no espelho, Rio de Janeiro: Record, 1992.

 

Ontem e hoje

Atividade

 

  1. Pesquisem fotos antigas dos mesmos lugares que descreveram na oficina anterior.
  2. Comparem a descrição com as fotos pesquisadas. Então, escrevam um novo texto, contando como era o lugar e utilizando os vários recursos comparativos apresentados na primeira etapa.
  3. Aqui, é importante chamar atenção para um fenômeno comum nos textos de memórias literárias: a romantização do passado. Leia alguns trechos dos textos abaixo:

 

Poucos casarões de pau a pique ao longo da pacata rua Belo Horizonte, hoje a movimentada avenida Abílio Machado. Impossível esquecer-me da igrejinha do Rosário com sua torre norte sineira. Às quinze horas, um movimento pelas vielas. Lá se iam as senhoras atraídas pelo tocar do sino. Hora do terço, muito me admirava a fé daquelas pessoas! Mamãe com apenas um olhar recomendava-me silêncio e puxava a turma de carolas com cantos e orações.

Adrielle Vieira de Oliveira. Doces memórias. Cenpec, 2019.


Lá não existia eletricidade, como temos nos dias atuais, por isso depois de uma jantarada simples, mas muito caprichada, íamos para beira do rio acompanhados pela luz da lua e com lamparinas que usávamos quando a "mãe da noite" resolvia se esconder. (...) Durante as horas de conversa, em que o rio sentava para ouvir também, tínhamos sobre nossas cabeças um campo negro com milhões de pontinhos brilhantes que iluminavam até a nossa alma. Era impressionante como as horas voavam, mais que passarinho quando soltavam-se da gaiola.

David Lima dos Santos. Nos braços do Ipixuna. Cenpec, 2019.


Na época não havia energia elétrica, a estrada era de chão batido de carro de bois. O lugar era repleto de árvores nativas do cerrado, belos exemplares de pequizeiros, gabirobeiras... Mas a que predominava e roubava a cena era a atrevida caraíba, com suas flores incandescentes. Exceto por isso, não achei o local bonito, mas o povo era! "Afinal, é o povo quem faz a cidade, não é?"

Amanda Xavier. Filho da ferrovia. Cenpec, 2019.

 

Observação 1: Os textos que constroem imagens que apresentam o local ou as pessoas sem o tom nostálgico que muitas vezes aparece em textos do gênero. Os recursos linguísticos empregados pelos autores e autoras contribuem para a construção das memórias sem que seja necessário apelar à nostalgia.

 

Observação 2: Envie as suas respostas para o e-mail da sua professora:

Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br

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