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9°Ano: Laboratórios 17/09

quinta-feira, 20 de maio de 2021

7ºANO: PRODUÇÃO TEXTUAL 21/05/21

 AGENDA:

Observação:Envie as suas respostas para o e-mail do(a) seu(sua) professor(a):

  7° ano A - Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br

  7° ano B e C - Leudilanio Alves: antonio.leudiano@educacao.fortaleza.ce.gov.br   


Gêneros Memórias Literárias – Oficina 9: Na memória de todos nós

Leitura 1: O Lavador de Pedra

Manoel de Barros

A gente morava no patrimônio de Pedra Lisa. Pedra Lisa era um arruado de 13 casas e o rio por detrás. Pelo arruado passavam comitivas de boiadeiros e muitos andarilhos. Meu avô botou uma Venda no arruado. Vendia toucinho, freios, arroz, rapadura e tais. Os mantimentos que os boiadeiros compravam de passagem. Atrás da Venda estava o rio. E uma pedra que aflorava no meio do rio. Meu avô, de tardezinha, ia lavar a pedra onde as garças pousavam e cacaravam. Na pedra não crescia nem musgo. Porque o cuspe das garças tem um ácido que mata no nascedouro qualquer espécie de planta. Meu avô ganhou o desnome de Lavador de Pedra. Porque toda tarde ele ia lavar aquela pedra.

A Venda ficou no tempo abandonada. Que nem uma cama ficasse abandonada. É que os boiadeiros agora faziam atalhos por outras estradas. A Venda por isso ficou no abandono de morrer. Pelo arruado só passavam agora os andarilhos. E os andarilhos paravam sempre para uma prosa com o meu avô. E para dividir a vianda que a mãe mandava para ele. Agora o avô morava na porta da Venda, debaixo de um pé de jatobá. Dali ele via os meninos rodando arcos de barril ao modo que bicicleta. Via os meninos em cavalo de pau correndo ao modo que montados em ema. Via os meninos que jogavam bola de meia ao modo que de couro. E corriam velozes pelo arruado ao modo que tivessem comido canela de cachorro. Tudo isso mais os passarinhos e os andarilhos era paisagem do meu avô. Chegou que ele disse uma vez: Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia. Dom de ser poesia é muito bom!

Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003.

Atividade 1

  1. Leia alguns fatos sobre o autor de O Lavador de Pedra, Manoel de Barros.

Manoel de Barros, Cuiabá (MT), 1916 - Campo Grande, 2014.

Em Memórias inventadas: a infância, o autor nos presenteia com seis pequenos contos que narram uma infância recriada pelo poeta. O texto foi escrito quando Manoel de Barros tinha 87 anos. A respeito desse livro ele diz: “Agora tenho saudades do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância”. Para conhecer um pouco mais do escritor, assista ao trailer do filme Só dez por cento é mentira e acesse o site da Fundação Manoel de Barros.

 

  1. Após a leitura, responda: Como o autor recria suas memórias de infância.

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  1. Observe alguns aspectos do texto para responder:
    • O que mais lhes chamou a atenção no texto de Manoel de Barros?

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    • Que fato de suas memórias o autor resgata nesse trecho?

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    • Que personagens aparecem nessa narrativa?

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    • Como vocês entenderam a frase: “Agora o avô morava na porta da Venda, debaixo de um pé de jatobá”?

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    • Há palavras ou expressões do texto que desconhecem?

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  1. Perceba que, nesse texto, Manoel de Barros conta um episódio cuja personagem principal é o avô dele. Assim, embora esteja narrando memórias, o texto retrata um momento em que o autor é observador, testemunha do que o avô viveu. Nessa narrativa, aparecem diversas personagens: o narrador, o avô, a mãe do narrador, os boiadeiros, os andarilhos e os meninos.

Leitura 2: Memórias de livros III

João Ubaldo Ribeiro

[…] Nas férias escolares, ela ia me buscar para que eu as passasse com ela, e meu pai ficava preocupado.

— D. Amália — dizia ele, tratando-a com cerimônia na esperança de que ela se imbuísse da necessidade de atendê-lo —, o menino vai com a senhora, mas sob uma condição. A senhora não vai deixar que ele fique o dia inteiro deitado, cercado de bolachinhas e docinhos e lendo essas coisas que a senhora lê.

— Senhor doutor — respondia minha avó —, sou avó deste menino e tua mãe. Se te criei mal, Deus me perdoe, foi a inexperiência da juventude. Mas este cá ainda pode ser salvo e não vou deixar que tuas maluquices o infelicitem. Levo o menino sem condição nenhuma e, se insistes, digo-te muito bem o que podes fazer com tuas condições e vê lá se não me respondes, que hoje acordei com a ciática e não vejo a hora de deitar a sombrinha ao lombo de um que se atreva a chatear-me. Passar bem, Senhor doutor.

E assim eu ia para a casa de minha avó Amália, onde ela comentava mais uma vez com meu avô como o filho estudara demais e ficara abestalhado para a vida, e meu avô, que queria que ela saísse para poder beber em paz a cerveja que o médico proibira, tirava um bolo de dinheiro do bolso e nos mandava comprar umas coisitas de ler — Amália tinha razão, se o menino queria ler, que lesse, não havia mal nas leituras, havia em certos leitores. E então saíamos gloriosamente, minha avó e eu, para a maior banca de revistas da cidade, que ficava num parque perto da casa dela e cujo dono já estava acostumado àquela dupla excêntrica.

Um brasileiro em Berlim. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

 

Atividade 2

  1. Nesta etapa, vamos trabalhar com mais um trecho do texto de João Ubaldo Ribeiro. Memória de livros é um texto que recupera suas lembranças dos primeiros contatos com os livros, as leituras que fazia quando pequeno, o papel fundamental de seu pai e de seus avós na sua formação como leitor.

João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia. Passou a infância em Aracaju, morou em outros países e no Rio de Janeiro até a sua morte, em 2014. Autor de romances, crônicas e contos, João Ubaldo foi também jornalista e professor. Recebeu vários prêmios internacionais por suas obras. Memória de livros é um dos textos do livro Um brasileiro em Berlim, publicado quando o autor tinha 54 anos.

 

  1. Responda:
  • Nesse trecho, o autor relembra um deslocamento que costumava acontecer nas férias escolares. Ele ia de onde para onde?

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  • A realidade vivida pelo autor na sua infância era a mesma nos dois lugares? Explique.

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  • Que semelhanças você identifica entre o texto de Manoel de Barros e o de João Ubaldo Ribeiro?

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Como dizer

Atividade 3

  1. Em textos de memórias literárias, ao descrever um objeto, uma personagem, um sentimento, os autores utilizam a linguagem para criar imagens, provocar sensações, ressaltar determinados detalhes ou características. A articulação desses recursos proporciona ao leitor ou à leitora uma experiência estética particular. Veja as seguintes frases:
    • Havia uma pedra no meio do rio.
    • Este menino ainda pode ser salvo.

 

  1. Essas informações podem aparecer de um jeito diferente, mais literário, mais poético. Leiam novamente os textos e procurem identificar nos trechos os fatos descritos nas frases apresentadas. São eles:
    • “E uma pedra que aflorava no meio do rio”
    • “Mas este cá ainda pode ser salvo”.

 

  1. Existem alguns recursos, algumas formas de dizer que tornam singulares os fatos escolhidos pelos autores. Observe os quadros “Manoel de Barros – O Lavador de Pedra” e “João Ubaldo Ribeiro – Memória de livros”, e vejam nos textos lidos as frases correspondentes, ou seja, a forma como o autor narrou esses fatos.

  1. Para criar seus textos, veja que recursos linguísticos foram utilizados pelos autores: figuras de linguagem, empregaram expressões características de determinada região, também fizeram uso de expressões típicas da oralidade informal. Nesse caso, o uso dessas expressões foi intencional e adequado para o contexto.

 

Para saber mais

Uso de alguns recursos linguísticos em O Lavador de Pedra

A) “Meu avô ganhou o desnome de Lavador de Pedra.”

Trata-se de um neologismo ou criação de palavra nova. O autor utilizou-se do prefixo des, que tem o sentido de negação, para criar um outro nome, ou seja, desnome seria o não nome, o outro nome, diverso do de batismo.

 

B) “Dali ele via os meninos rodando arcos de barril ao modo que bicicleta. Via os meninos em cavalo-de-pau correndo ao modo que montados em ema. Via os meninos que jogavam bola de meia ao modo que de couro. E corriam velozes pelo arruado ao modo que tivessem comido canela de cachorro.”

 

Aqui é tratada a comparação, que estabelece uma relação de semelhança entre elementos, por meio de termos comparativos, entre os quais: como, qual, feito, que nem, parece. Os escritores costumam utilizar comparações, estabelecendo relações de sentido ora previsíveis, ora inesperadas, entre as palavras.

Você também pode assistir ao vídeo do Canal Futura com a turma sobre as figuras de linguagem.

 

Para saber mais 2

Uso de alguns recursos linguísticos em “Memória de livros”

A) “[…] e não vou deixar que tuas maluquices o infelicitem.”

Nessa fala da avó, em que ela usa a segunda pessoa do singular para se dirigir ao filho, substitui-se o filho (tu) por uma caracterização que o representa (“tuas maluquices”). A figura é a metonímia, o uso de um pormenor de uma pessoa no lugar da própria pessoa.

B) “[…] tirava um bolo de dinheiro do bolso e nos mandava comprar umas coisitas de ler.”

Essa passagem sugere que havia tanto dinheiro no bolso do avô que aquele monte de notas formava um bolo. Essa afirmação exagerada é chamada de hipérbole.

C) “Passar bem, senhor doutor.”

A fala da avó, ao despedir-se do filho depois de ter uma discussão com ele, sugere que ela lhe deseja o contrário do que está dizendo: em vez de passar bem, passar mal. O modo como chama o filho, de senhor doutor, é muito formal e também indica que ela está ironizando o fato de ele se achar muito sabido. Esse recurso, pelo qual se diz o contrário do que pensamos, é chamado de ironia.

 

Observação:Envie as suas respostas para o e-mail do(a) seu(sua) professor(a):

  7° ano A - Débora Pontes: debora.pontes@educacao.fortaleza.ce.gov.br

  7° ano B e C - Leudilanio Alves: antonio.leudiano@educacao.fortaleza.ce.gov.br   


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